terça-feira, 13 de abril de 2010

Euclides - A Vida vista por um Papagaio

Ó, pobre de mim, que teve as asas cortadas e instantaneamente engaiolado em um cubículo em que mal as asas posso abrir. Por quê? Por qual motivo estou aqui? Se a ninguém eu matei, se a ninguém fiz mal, se a ninguém ofendi. Por que estou aqui?

Tempos remotos atrás, eu era um papagaio contente, serelepe, que acabara de aprender a magia do voo. Estava todo feliz, pois é a sensação única de você sentir o gosto da liberdade. Ah, doce liberdade.

Se ao menos pudesse experimentar mais um pouco da liberdade. Se ao menos aqueles que me capturaram tivessem o bom senso de ver que eu sou um bicho. Um bicho que tem sentimentos. Um bicho que tem uma vida para viver. "Um bicho".

Malditos sejam os humanos insensíveis e cruéis que trancafiam animais livres em gaiolas e jaulas precárias e ridículos. Malditos sejam aqueles que não se imaginam em meu lugar, que tem o gosto da liberdade. Mas que reserva-a para si mesmo. Que não respeita a dos outros. Que só pensa em si mesmo.

O destino que os castigue, pois minha vida está arrasada. Arruinaram-na. Paciência. Mando ao inferno aqueles que merecem sua devida consequência. Mando ao céu, aquele, que ao menos tentar, conseguir salvar minha vida.

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