
III – Crime
Dois dias depois da morte de sua mãe, Fleur Vardin andava apressada pelas ruas da cidade em direção ao aeroporto. Passou por um elegante prédio residencial, pela mal-cheirosa indústria de lacticínios e por um maltrapilho senhor que vendia jornais. Parou para comprar um; queria ler a matéria sobre o terrível incêndio na catedral, há dois dias. Pegou o jornal e ficou espantada com a quantidade de matérias sobre tragédias que estavam na primeira página. Leu as manchetes:
“Dance Club explode”
“Morrem envenenados clientes de lanchonete”
“Incêndio em parque preocupa comunidade”
“Tragédias contínuas põem medo em população”
Fleur estava totalmente “por fora”. Fora para o hospital com o irmão no dia da morte dos pais, e não tivera nenhuma notícia do mundo exterior desde então. Ela andava, e refletia sobre estes estranhos acontecimentos que vinham ocorrendo na cidade. Chegou ao aeroporto, e o ar condicionado afastou os pensamentos de sua mente.
Passou pelo corredor principal, atraindo os olhares de um grupo de rapazes encostados junto à parede. A elegante jovem de cabelos loiros, compridos e cacheados e olhos verdes ganhava a atenção de muitos pretendentes. Chegou à sala que queria e comprou duas passagens para a França ― uma para ela e uma para Henri. Viajariam no dia seguinte. Eles tinham que ver sua avó, que ficara profundamente deprimida quando soube que a filha, Amélia, havia morrido. Eles também queriam ver Iago, um primo de Amélia. Ele era policial na França e poderia ajudá-los com o acontecimento na igreja.
Comprada a passagem, Fleur saiu do aeroporto e decidiu pegar um táxi para levá-la até o hospital de Henri. Curiosamente, havia um parado bem em frente ao aeroporto. Ela entrou no táxi, e deu o endereço ao motorista, um homem corpulento, carrancudo e silencioso, que começou a levá-la. Andou ruas e ruas que Fleur não se lembrava de ter passado. Será um novo caminho? Pensou ela. Mas Fleur conhecia bem a cidade, e não se lembra daquele caminho. Perguntou ao motorista se Haia algum engano, mas este nada respondeu. Aflita, tentou sair. De nada adiantou: as portas estavam trancadas. Finalmente, depois de uns cinco minutos, o taxista abriu as portas. Fleur desceu, e disse: “Mas não é este o lugar!”, mas suas palavras de nada adiantaram: no que ela saiu do carro, o motorista bateu a porta e correu para longe, deixando-a sozinha ali.
Então apareceu um magricelo e maltrapilho rapaz, que segurava uma arma e anda em direção dela. “Isso é um assalto!” ele disse. “Bolsa, celular, e carteira! Agora!” Agora menos aflita, Fleur desferiu um golpe rápido e eficiente na cabeça do rapaz, que caiu inconsciente. Ela pegou a arma da mão dele e guardou-a na bolsa. Saiu apressada do beco e tomou um ônibus para o hospital.
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