quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Mundo das Poesias #5

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Bom dia!

Hoje aprenderemos sobre sílabas poéticas. Elas são muito inportantes para estruturar um poema, pois vários modelos de poema pedem um número exato de sílabas poéticas em cada verso. Também aprenderemos sobre rima.


Sílabas poéticas

A contagem das sílabas poéticas se distingue da contagem das sílabas gramaticais.

Veja, analise e aprecie essa estrofe de um Soneto Italiano de Gregório de Matos:


Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história


Vamos ver o primeiro verso da estrofe separadamente:


Se uma ovelha perdida e já cobrada


Vamos dividí-lo em sílabas gramaticais:


Se – u – ma – o – ve – lha – per – di – da – e – já – co – bra – da [14]


Agora em sílabas poéticas:


Se u – ma o – ve – lha – per – di –da e – já – co –bra [10] (da)


Existem três regras básicas para a contagem de sílabas poéticas:

  • Só contam as sílabas dos versos até a última tônica.
  • Quando uma palavra terminar por vogal átona e a palavra seguinte começar por vogal, também átona, as sílabas que contêm essas vogais constituirão em uma só sílaba poética.
  • Os hiatos podem se transformar em ditongos e estes, embora com menos freqüência, em hiatos. Quando uma palavra termina por M e a seguinte começa com vogal, pode haver o desaparecimento da consoante; teremos, então, a figura poética chamada elipse.


Rima

Vou falar apenas um pouco sobre a rima nos poemas, depois faço um post mais avançado:

Nos poemas, classificamos a rima com letras: as letras são iguais quando os versos rimam e são diferentes quando estes não rimam:

verbi gratia*

/A/O homem que rima em tudo

/A/É estúpido e carnudo

(poema inventado por mim neste instante especialmente para esse fim.)

/A/Como estaria vendo na Bahia,

/B/Que das cortes do mundo é vil monturo,

/A/O roubo, a injustiça, a tirania?

(Gregório de Matos)

Vamos analisar um poema (depois transformado em música) de Caetano Veloso:

Oração ao tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...


Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...


Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos

Tempo tempo tempo tempo...


Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...


Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...


De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...


O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...


E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...


Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...


Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

Observem que, como em muitos outros poemas, esse tem um padrão de rima em cada verso. O padrão nesse caso é:

A

A

B

A

B

Há ainda modelos de poemas, como o dístico e o cordel, que apresentam um modelo de rima. O modelo do dístico é AA. Estudaremos o cordel no próximo post.

Obrigado,

marc perrault

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