terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Barco

Transporto pessoas, cargas e até mesmo animais. Grande contêiner e até mesmo 3 dúzias de carro fazem parte de meu dia-a-dia. O mar, salubre azul-celeste, exibe sua extravagante beleza pela qual eu vivencio todos as horas de um dia, todos os dias de uma semana, todas as semanas de um mês, todos os meses de um ano, todos os ano de uma, se é que posso dizer, vida.

Gaivotas, sol, céu. Pode ser um cenário perfeito para as pessoas. Mas para mim, não. É como se fosse uma prisão. Uma vocação pela qual eu jamais teria desejado. Não posso compartilhar meus pensamentos. Minha única noção do mundo é o sorriso de uma modelo, a tristeza de um viúvo, o suor de um desportista, o choro de um bebê.

Pesadas cargas, insolentes passageiras. Jamais poderão sentir a dor que eu sinto. Jamais poderão saber como são minha vida e sentimentos porque eu não tenho. Simplesmente não tenho.

Não sei se fiz algo numa encarnação passada, se fui condenado a este destino nem se eu matei alguém. Só sei que esta incumbência me mata mais a cada dia. E digo aos meus descendentes ou usuários: este é um segundo inferno, não queira ser barco.

~Sauerale

P.S.: Este é o primeiro Drama do Blog!

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